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O professor de História e o livro didático no ensino fundamental.

Enviado por   •  12 de Enero de 2018  •  1.544 Palabras (7 Páginas)  •  248 Visitas

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...situado na confluência da África e da Ásia, nunca esteve (o Egito) isolado, sendo inaceitável pretender que sua população foi exclusiva ou predominantemente “branca”, tanto quanto “negra” já que tudo indica ter sido sempre muito mesclada, pelo menos desde o Neolítico.[5]

A discussão sobre a cor da pele, afirma Ciro Flamarion, é no fundo irrelevante diante de questões mais importantes na história egípcia,[6] mas é tão acentuada no livro didático que se torna uma boa oportunidade para apresentar aos alunos uma discussão historiográfica acerca do tema. Na verdade, mais do que uma boa oportunidade, é obrigação do professor, para que os alunos possam entender a História como uma construção, e não como um conjunto de verdades absolutas. Diante dessa questão, o professor pode apresentar importantes egiptólogos para sua turma e levar algumas curtas frases para discutir em sala de aula; ou pode passar um trabalho, no caso de falta de tempo em sala, com referência definida em livros especializados, como o “O Egito Antigo”, de Ciro Flamarion. Outra possibilidade é fazer uma comparação com o Brasil. Se 500 anos de interação e mescla de povos e culturas fizeram do Brasil um país sem etnia definida, o que dizer do Egito Antigo com mais de 2500 anos de relações comerciais com povos vizinhos? Segundo Braudel, já no século XXV a.C., o rio Nilo possibilitou a relação comercial entre Egito e Núbia e, pouco tempo depois, pela rota de Coptos a Qoeir, possibilitou atingir o mar Vermelho.[7] Obviamente, precisam ser feitas as pontuações necessárias. Os períodos de colonização e posterior desenvolvimento do Brasil aconteceram com a utilização de uma tecnologia consideravelmente superior do que a desenvolvida pelos egípcios na antiguidade; mas a comparação se faz possível se avaliarmos que, na história das relações egípcias com outros povos, o período é maior e a distância entre os povos, bem mais curta.

Outro problema encontrado no primeiro livro da coleção “Nova História Crítica”, é que os capítulos são divididos por civilizações, de forma que cada capítulo é uma descrição de cada uma delas, e não é discutida a relação entre elas. Para o aluno, fica a impressão de que as civilizações antigas não interagiam umas com as outras e nem exerciam ou sofriam influência. Obviamente, os livros didáticos são obras de resumo, mas essa é uma questão demasiado séria e central no estudo de História Antiga para ser deixada de fora. Segundo Fernand Braudel, já no início do segundo milênio há uma cultura cosmopolita no Mediterrâneo, tendo o Egito uma posição de destaque:

No início do segundo milênio emergem, portanto, dois setores marítimos: a costa libanesa e as ilhas do Egeu. Cria-se, assim, um fenômeno extraordinariamente novo, estabelece-se uma cultura cosmopolita, na qual as contribuições de diversas civilizações [...] podem ser reconhecidas. Dessas civilizações, umas permanecem nos domínios dos impérios: o Egito, a Mesopotâmia, a Ásia Menor dos hititas.[8]

A omissão das relações comerciais constitui mais um grave erro do livro e que deve ser contornado pelo professor em sala de aula. Neste caso, em particular, o professor pode trabalhar com um mapa do Mediterrâneo, em pôster ou projetado, para explicar as relações entre as civilizações e culturas que o livro apresenta. Este mapa pode estar presente em todas as aulas para que se reporte a ele toda vez que seja necessário localizar geograficamente o aluno. Outra forma de trabalhar a localização geográfica e as relações comerciais, é que cada aluno tenha um mapa impresso em preto e branco onde ele possa pintar e nomear as regiões que já foram estudadas. Essa atividade propiciará dúvidas valiosas para o aprendizado e tornará mais fácil a visualização dos alunos quando o professor quiser explicar alguma interação entre dois ou mais povos.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Ciro. Um historiador fala de teoria e metodologia. Bauru: EDUSC, 2005, “Cap. 1 – Tempo e História”, P. 11-36

MOTTA, Márcia. “História e memórias”. In: BADARÓ, Marcelo (org.) História: pensar e fazer. Rio de Janeiro: Laboratório Dimensões da História, 1998, p. 73-89

FONTANA, Josep. História dos Homens. Bauru: EDUSC, 2004, “Introdução” e “Cap. 16 – Em Busca de Novos Caminhos”, p. 11-19 e 471-490.

GONZAGA, Luiz. GONZAGUINHA. A viagem de Gonzagão e Gonzaguinha. EMI-Odeon, 1994, faixa 4 – “Pequena memória para um tempo sem memória”

Acesso em: 10 jul. 2015.

Acesso em: 10 jul. 2015.

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